segunda-feira, 30 de março de 2009

A condessa de Sangue

Parte I

Imersa em sua banheira ela mantinha a mesma feição a tempos. O sorriso de canto revelando prazer e as unhas levemente afiadas arranhando a louça da banheira demonstravam uma estranha excitação. Erzsébet não possuía feições magníficas, mas a sua boca rosada de lábios grossos aparentemente macios e doces formava um belo conjunto com seus olhos arredondados, emoldurados por belos cílios e sobrancelhas arqueadas demasiadamente expressivas. O escarlate do sangue derramado de inúmeras jovens naquela banheira servia como uma perfeita moldura para seu corpo grosseiramente sedutor. Eu observava seu pálido corpo nu sem pudor, imaginava quantos homens e mulheres teriam se perdido naquele colo, quanta poesia suja já teriam feito para ela, quantos quadros teriam tentato expressar inutilmente o brilho daqueles olhos.
Eu ainda era uma criança quando a vi chegar aqui. Uma jovem condessa, talvez tivesse pouco mais que minha idade, recém casada com o conde Nadasdy. Aos treze anos, eu já me preparava para casar com algum camponês e me tornar serva da terra e de meu marido, foi quando criados de Nadasdy chegaram a minha casa pedindo aos meus pais que me deixassem ir com eles para trabalhar no castelo dos Nadasdy, comeria e beberia como qualquer membro da corte e minha família ganharia uma boa recompença por isso, em troca, eu faria companhia a 'pobre condessa' que ficava longos períodos sozinha, solidão essa fruto do trabalho do conde, um militar que tão pouco se importava com a jovem esposa, preferindo assim ficar longe de seu castelo. Histórias a respeito de sua conduta suspeita assustavam algumas camponesas, também convidadas a integrar os servos de Nadasdy, mas eu não me importava. Deixaria a condição de serva da terra e serviria aquele ser excêntrico que tanto me fascinava, Erzsébet Báthory.


(...)

6 comentários:

Al Reiffer disse...

Tens razão, Ana, mas é sempre assim. Uma polêmica sempre vai interessar mais que uma poesia.
Uma ótima história esta tua, muito bem escrita e descrita. Boa lembrança da Bathory.

Stobäus disse...

Literatura que prende os olhos nas palavras, cheia de detalhes, dá pra fazer um livro :D
Muito bom mesmo, amour!
Parabéns!
Teamomuito!
;@@~

Ferrockxia disse...

oie retribuindo a vista!
tu és gotica?

bjs

L. disse...

HAHAHAHA'
tu és gótica?
gófiquinha.

L. disse...

ps: eu gostei. eu gostei muito.

Ferdi disse...

Eu gostie muito, muito mesmo.
E fiquei muito curiosa e acompanharei a condessa de sangue for sure.

Beijo, beijo.